sábado, 4 de julho de 2009

Carpe Diem

Há uns dois anos, eu e minha família fomos a Salvador para um passeio turístico. A cidade em si é feia e fede, e, apesar de em maneira geral não ter gostado da viagem, alguns momentos bons ficaram gravados na minha memória. Como minha intenção não é arranjar briga com os baianos e a galera do Chiclete com Banana (putz), é do lado bom que vou falar.

Certo dia, depois de já ter rodado bastante pela cidade e já perto do pôr do sol, eu, meu irmão e meus pais resolvemos dar uma passeada nas sujas praias de Salvador. Porém, algo que eu não esperava por ali estava acontecendo: uma roda de samba. Eu, não sei por qual motivo, me senti atraído por aquilo e resolvi sentar em uma mureta por ali perto para ficar ouvindo e observando a batucada.

Após alguns minutos ali sentado, certo senhor, de idade bastante avançada, cabelos brancos e boina (o típico vovô) me chamou a atenção. Ele estava ao meu lado na muretinha, e seus olhos tinham um brilho comovente. Parecia que estava prestes a chorar. Aquilo realmente mexeu comigo. Tentei imaginar o que se passava na cabeça daquele homem. Provavelmente, não posso afirmar com certeza, afinal não sou nenhum Paulo Coelho, eram lembranças de sua juventude. Uma juventude distante que foi marcada por dores e alegrias. Uma época em que a vida se parecia eterna, e que o fim era para todos, menos para ele. Belo engano. Lá estava o nosso vovô sentado na mureta com os olhos cheios de lágrima e rugas no rosto sentindo saudade da época em que sorrir não cansava tanto. Senti vontade ir conversar e ouvir tudo que ele tinha a dizer, mas minha timidez falou mais alto. Então, depois de uns 10 minutos, levantei e saí dali como se estivesse com uma pedra presa na minha garganta.

Você pode estar pensando agora “Poxa, mas que coisa besta essa história”, e eu não discordo. Sim, é besta. Mas eu acredito que são de besteiras como um beijo que evitamos, uma pergunta que não fizemos ou um momento que presenciamos que formarão as nossas lembranças quando for a nossa vez de estarmos sentado em uma mureta invejando o vigor de viver dos mais novos. Ficadica.