quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Afinal, gosto é sinônimo de preconceito?



Gay, homossexualismo e homossexualidade: essa é a evolução da nomenclatura que determina pessoas que sentem atração pelo mesmo sexo. O primeiro termo é pejorativo. O segundo remete à doença. O terceiro tá certo, por enquanto. Isso é efeito do “politicamente correto”. Não se pode falar nada que ofende. Onde vamos parar?
Uma notícia recente me chocou: querem tirar Monteiro Lobato de dentro das escolas. Afirmam que o livro A caçada de Pedrinho possui conteúdo de cunho racista. Ora, se for para seguir essa linha de pensamento, vão acabar banindo também Machado de Assis, Escrava Isaura e até mesmo os livros de História. Todos eles relatam atitudes preconceituosas, mas de formas diferentes. Quer dizer que os autores de tais obras tinham pensamentos racistas? Não dá para saber. Pode ser que sim, pode ser que não. O importante é que são relatos de uma época quando chamar alguém de pele escura de “carne preta” e tratá-la mal por isso era comum. O que vamos fazer? Maquiar o passado para que as crianças cresçam sem saber o que de fato acontecia? Como li em outro blog, ler Monteiro Lobato, por exemplo, além de ser uma ótima literatura, é uma maneira de mostrar a quão ultrapassada é a ideia de que a cor de pele determina o caráter de alguém.  Não são com atitudes bestiais ou repressão que se muda um pensamento.
Esse “politicamente correto” tem cerceado até nossa liberdade de gosto. Certa vez, numa roda de amigos, comentei que não sentia muita atração por garotas negras. Pra que? A confusão estava armada. Nazista e branquelo azedo foram as palavras mais simpáticas que ouvi. Em nenhum momento afirmei que me achava superior a ninguém. Penso ao contrário. Quem me conhece sabe que tenho a mania de me inferiorizar. E quem sou eu para dizer que negros são menos? Longe de mim! Porém a questão aqui é de gosto. Da mesma forma como não sinto muita (percebam que não fechei questão. Há muitas que acho lindas!) atração por meninas de pele escura, não sou de correr atrás de loiras. Simples assim! Minha namorada é parda dos olhos e cabelos escuros e eu a acho maravilhosa. Não a troco por uma branca de olhos azuis. Então não me venham com o papo de que meu gosto foi definido pelos padrões de beleza da mídia. Se falassem “Não sinto atração por brancos”, seria algo totalmente aceitável.
O ponto que quero chegar é: vamos parar de hipocrisia. O politicamente correto não passa de um peso na consciência da sociedade e, então, por meio de atitudes superficiais, não-naturais e incabíveis tenta se redimir. Voltando ao primeiro parágrafo, o que é doença? Nomenclatura ou paranóia?
 Recomendo esse texto da Lya Luft sobre o caso Monteiro Lobato. http://lilicarabinabr.blogspot.com/2010/11/crucificar-monteiro-lobato.html

Um comentário:

André Lima disse...

Concordo plenamente. Minha avó conta que uma vez, quando eu era criança, passaram 2 menininhas bem negras e minha avó disse: olha as menininhas bonitinhas, andré ! E eu prontamente disse: 'não acho preto bonito...' Me chamam de racista até hoje, e realmente eu não sinto tanta atração por negras. Do mesmo jeito que tem gente que não sente atração por orientais, outros não sentem atração por loiras, enfim, é gosto, não preconceito.